Imagem: Pixabay na Pexels.
Há uma frase popular que todos os pais ouvem, quase como um eco persistente ao longo da infância dos seus filhos: "Aproveita, passa tão depressa." No meio das correrias do dia a dia — entre trabalhos de casa, treinos, birras e abraços — essa advertência soa distante. Até que, num piscar de olhos, damos por nós a olhar para fotografias antigas e a perguntar: onde foi parar aquele bebé que cabia nos nossos braços?
O crescimento dos filhos é, simultaneamente, uma bênção e um desafio emocional. Assistir à evolução deles é motivo de orgulho, mas também de uma saudade antecipada, quase dolorosa, do que já passou. Saber lidar com essa velocidade é essencial para que, em vez de lamentarmos o tempo perdido, consigamos vivê-lo com verdadeira presença.
Porque é que sentimos que o tempo passa tão depressa?
A percepção do tempo é diferente para crianças e adultos. Para os mais pequenos, cada experiência é nova, intensa e longa. Para os adultos, contudo, a rotina e a repetição fazem com que os dias, meses e anos pareçam encurtar. Quando associamos isto à constante mudança que caracteriza a infância — primeiros passos, primeiras palavras, primeira ida à escola — é inevitável sentir que o tempo acelera.
Além disso, a sociedade moderna, com o seu ritmo frenético, pouco favorece pausas conscientes. Muitas vezes, vivemos focados no próximo objetivo — o próximo teste, a próxima fase de crescimento, o próximo desafio — sem desfrutarmos verdadeiramente do agora.
Aceitar a mudança: o primeiro passo
Lidar com o rápido crescimento dos filhos começa por aceitar que ele é inevitável. Crescer é sinal de saúde, de evolução, de conquista. Cada nova fase, por mais nostálgica que possa ser, traz consigo novas oportunidades de ligação.
Aceitar não é resignar-se. É perceber que, embora o tempo avance, podemos escolher como o viver. Podemos optar por estar presentes em vez de apenas passar pelas rotinas.
Como viver cada fase com mais consciência?
- Praticar a presença ativa: Estar presente não é apenas estar fisicamente. É desligar o telemóvel, olhar nos olhos, ouvir com atenção. São esses momentos de verdadeira conexão que criam memórias duradouras, tanto para nós como para eles.
- Criar pequenos rituais: Rituais diários ou semanais — como o conto antes de dormir, o passeio de domingo, ou o jantar sem distrações — tornam-se âncoras emocionais. São esses momentos que resistem à passagem do tempo.
- Registar sem obsessão: Fotografar e filmar é maravilhoso, mas não devemos viver através das lentes. Mais importante do que capturar cada momento é vivê-lo plenamente.
- Aceitar as emoções: É natural sentir tristeza ao ver os filhos crescerem, mas também é importante dar espaço à alegria por vê-los tornar-se quem são. Permitir-se sentir ambas é um sinal de amor consciente.
- Adaptar a parentalidade: Cada fase do crescimento exige uma forma diferente de cuidado. Um bebé precisa de proteção física, um adolescente precisa de escuta e espaço para se afirmar. Saber adaptar a forma como estamos presentes é sinal de inteligência emocional.
Crescer é um presente, para eles e para nós
O crescimento dos filhos oferece-nos a oportunidade única de também nós crescermos. Eles ensinam-nos a ser mais flexíveis, a amar sem condições, a valorizar o momento presente. Cada fase que termina abre espaço para uma nova forma de relação, mais madura e, muitas vezes, ainda mais rica.
Aceitar a velocidade do crescimento é, no fundo, aceitar a própria vida em toda a sua transitoriedade e beleza. Não podemos travar o tempo, mas podemos fazer dele algo memorável, ao escolher vivê-lo com intenção e amor.