Imagem: Torsten Dettlaff na Pexels.
Nas últimas semanas, o DeNotar.pt enviou centenas de emails com propostas de parcerias estratégicas, cuidadosamente pensadas para serem benéficas tanto para nós como para os destinatários. O resultado? Uma taxa de resposta de 0,1%. Uma entre mil mensagens obteve algum tipo de retorno. O resto, silêncio absoluto.
Esta experiência não é isolada. É reflexo de uma tendência crescente: o mundo deixou de prestar atenção aos emails importantes. Muitas empresas ignoram mensagens de real valor, enquanto os decisores passam horas nas redes sociais, consumindo conteúdos fúteis — vídeos de gatinhos, danças virais no TikTok ou trends passageiras que pouco contribuem para o seu crescimento pessoal ou profissional.
Enquanto isso, oportunidades reais de colaboração e inovação são desperdiçadas. Muitos culpam o mercado, a economia ou a concorrência desleal. Mas a realidade é outra: o problema começa dentro das próprias empresas, nos hábitos digitais de quem deveria tomar decisões estratégicas. A comunicação profissional e assertiva foi substituída por scrolls infinitos e notificações de likes.
É irónico pensar que, em plena era digital, o email — uma ferramenta criada para facilitar a ligação entre pessoas e empresas — se tornou quase inútil. Mensagens cuidadosamente elaboradas, com propostas claras e valor concreto, ficam por abrir ou, pior ainda, por ignoradas. Enquanto isso, conteúdos banais dominam a atenção coletiva.
Esta mudança de hábitos tem consequências reais. Empresas que não leem emails importantes ou que ignoram potenciais parcerias perdem oportunidades de crescimento, inovação e expansão. Projetos que poderiam ser transformadores ficam estagnados. E, quando os resultados aparecem negativos, os mesmos decisores apontam o dedo ao mercado ou à crise, sem reconhecer que a verdadeira falha está na gestão da atenção e na prioridade dada à comunicação profissional.
O mundo mudou, mas as oportunidades continuam a existir. O desafio está em recuperar o valor da atenção e da leitura estratégica, em ensinar empresas e profissionais a distinguir o que é trivial do que é realmente importante. Porque, no fim, um email bem pensado ainda pode transformar parcerias, negócios e vidas — desde que alguém decida lê-lo.
Basta um email para mudar o rumo de uma empresa mas, se o mundo continua a assim, num futuro muito próximo apenas restará o TikTok, o Facebook (Meta), o Twitter e poco mais... RIP email.