U.Porto Apresentou Estudo Estratégico Para uma VCI Mais Verde

Press Release: Estudo coordenado por docente e arquiteto paisagista da FCUP esteve em discussão na sessão inaugural do Centro de Conferências da U.Porto.

E se aquela que é uma das estradas mais congestionadas do país pudesse “respirar” melhor através da criação de jardins, passeio, ciclovias e praças? Durante 45 minutos, foi esse o “sonho” que o arquiteto paisagista e docente da Faculdade de Ciências (FCUP), José Miguel Lameiras, partilhou na sessão inaugural do novo Centro de Conferências da U.Porto, dedicada à proposta inédita de requalificação integral da Via de Cintura Interna (VCI) concebida pela academia para a cidade.

“Este é o primeiro de um conjunto de três trabalhos que tem uma cadência de dois anos e que são fundamentais para o futuro e resiliência da cidade”, começou por destacar o coordenador do estudo, perante um Salão Nobre da Reitoria lotado de docentes, investigadores, candidatos às eleições autárquicas de diversos municípios da Área Metropolitana do Porto e outros cidadãos interessados. E avançou com a pergunta: “Que cidade queremos deixar aos nossos filhos?”.

É nesse esforço de pensar a cidade Invicta para os próximos 25 anos que o professor da FCUP vem trabalhando, desde 2023, na criação de soluções para melhorar uma autoestrada que segrega a cidade em dois: “o Porto interior e exterior”.

“Fomos mais além do que a academia costuma fazer e apresentamos um conjunto de projetos e projetos-piloto em que demonstramos que estas soluções são aplicáveis à cidade do Porto”, assinalou José Miguel Lameiras.

“A cidade precisa de mais espaços verdes”

Deste trabalho académico que envolveu a participação de docentes e investigadores da U.Porto, resultou então um conjunto propostas de requalificação da VCI, pensadas para atenuar a fragmentação urbana causada por esta infraestrutura, por exemplo, através da construção de coberturas ajardinadas sobre as rodovias, criando ligações pedonais e cicláveis.

O objetivo passa pela “criação de um grande anel urbano, verde e permeável”. “A cidade do Porto precisa de mais espaços verdes – que a VCI tem, mas que estão completamente segregados”, observou José Miguel Lameiras.

Uma das propostas passa pela a valorização dos espaços verdes atualmente fragmentados, e da articulação com parques e espaços verdes existentes, contribuindo para a biodiversidade, a qualidade do ar e a mitigação do efeito de ilha de calor.

Inspirado por mais de 170 casos de sucesso em cidades como Barcelona, Copenhaga, Antuérpia, Paris e Madrid, o docente da FCUP apresentou ainda soluções para os problemas de mobilidade na VCI “que esgotou completamente a sua capacidade”.

O projeto proposto inclui a criação de um sistema multimodal de transporte urbano, integrando transporte público em canal dedicado, duas faixas rodoviárias, ciclovias segregadas e percursos pedonais. Esta solução vai permitir deslocar “dez vezes mais pessoas”.

“Contribuirá para reduzir o congestionamento e melhorará a mobilidade interna da cidade, oferecendo alternativas fiáveis de transporte público, inclusive para os movimentos pendulares que diariamente entram e saem do Porto”, vincou.

Sonhar um futuro melhor para a cidade do Porto

Para o futuro, José Miguel Lameiras apresentou ainda quatro projetos-piloto para as zonas de Paranhos (zona universitária), do Foco (Avenida da Boavista), do Campo Alegre e de Campanhã.

O trabalho, coordenado pela FCUP, propõe assim a requalificação dos principais nós viários da VCI como zonas multifuncionais, capazes de acolher novos espaços públicos, habitação acessível, equipamentos coletivos e, em particular, bacias de retenção para inundação controlada.

Ao longo de quase uma hora, o docente da FCUP mostrou o sonho de uma cidade melhor, mais resiliente e sustentável, com projeções de um futuro em que, por exemplo, os pais podem levar os filhos à escola através de uma estrutura verde ou em que os estudantes possam mais rapidamente fazer o trajeto de casa à faculdade.

José Miguel Lameiras salientou que algumas das soluções podem ser aplicadas a curto ou médio prazo para ir ligando a VCI à cidade. No final, deixou o apelo: “é importante sabermos aonde querermos chegar e trabalhar em conjunto pelo futuro da cidade do Porto”.

Se é verdade que “o homem sonha, a obra nasce”, como dizia Fernando Pessoa, fica um estudo e propostas apresentadas a quem pode fazer acontecer. Acreditar faz parte do caminho e, tal como referiu a Diretora da FCUP, Ana Cristina Freire, no lançamento da conferência, o trabalho é de alguém que acredita “no papel da universidade como agente ativo na transformação da cidade e da sociedade” e que tem um “elevado grau de compromisso cívico” na sua investigação científica, prática profissional e docência”.

Um “fórum” para pensar os problemas da cidade

A sessão inaugural do novo Centro de Conferências da Universidade do Porto contou ainda com as intervenções do Reitor da U.Porto , António de Sousa Pereira, e de Valente de Oliveira, coordenador do Centro de Conferências, juntamente Elisa Ferreira, que explicou o funcionamento da iniciativa e lançou ações futuras no âmbito desta iniciativa.

Para o Reitor da U.Porto, o objetivo do novo centro é claro: “criar um espaço onde o conhecimento produzido na acadmia se transforma em contributos efetivos para a sociedade”.

António de Sousa Pereira perspetivou ainda o que define como “um fórum permanente de discussão dos grandes temas urbanos, combinando ciência, cultura e participação cívica”.

Todas as conferências, encontros e debates promovidos pelo Centro de Conferências da U.Porto serão de entrada livre e decorrerão no Salão Nobre da Reitoria.

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