Sons que Dão Voz aos Carros Elétricos Conquistam Prémio Internacional

Press Release: Estudo inovador valeu à investigadora Raquel Esteves, da FEUP, a conquista do prémio «Best Overall Student Paper», atribuído pela SAE International.

E se os carros elétricos ganhassem voz – ajustada ao que os rodeia? Raquel Esteves, antiga estudante do Mestrado em Multimédia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), propôs uma banda sonora inteligente para estes veículos, capaz de se adaptar ao ambiente, proteger peões e melhorar a experiência de condução. Tudo isto sem voltar a encher as cidades de ruído.

O projeto da atual investigadora do DIGI2 – Digital and Intelligent Industrial R&D Lab do Centro de Investigação em Sistemas e Tecnologias (SYSTEC) da FEUP – que junta segurança, design sonoro e experiência de condução – acaba de conquistar o prémio “Best Overall Student Paper”, atribuído no âmbito da “Noise and Vibration Conference and Exhibition” da SAE International, que decorreu no passado mês de maio, em Grand Rapids (EUA).

O artigo premiado partiu da dissertação de mestrado de Raquel Esteves e propõe a criação de sons adaptativos para carros elétricos – mais melódicos e suaves em ambientes naturais e mais percetíveis e de baixa frequência em contextos urbanos, mas sempre com a premissa de não contribuir para a poluição sonora.

A simulação do sistema foi desenvolvida numa plataforma digital interativa — o Unity, um motor de desenvolvimento muito usado em videojogos e simulações 3D — e testada com participantes de diferentes idades e áreas, tanto para o interior como para o exterior do veículo.

“No exterior, os sons tinham como objetivo alertar peões e animais da presença do carro, ajustando-se automaticamente ao número de elementos detetados no ambiente envolvente. No interior, procurou-se compreender que tipos de sons melhoram a perceção de aceleração e controlo, sendo preferidos os mais melódicos e estáveis – como sons de combustão ou futuristas – em detrimento de sons demasiado disruptivos”, avança a investigadora.

O estudo conclui que em paisagens sonoras “hi-fi” (ambientes calmos, como zonas naturais), os sons discretos e harmoniosos são mais eficazes, enquanto que em “soundscapes lo-fi” (áreas urbanas com muito ruído), os sons de baixa frequência, mas equilibrados, funcionam melhor, sobretudo a velocidades mais elevadas.

Um percurso multidisciplinar

Com uma licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pela FEUP, Raquel Esteves decidiu explorar o design sonoro ao ingressar no Mestrado em Multimédia. Aí, teve contacto com áreas como interação homem-máquina e experiência do utilizador – conhecimentos que aprofundou também durante o seu semestre de mobilidade Erasmus na Universidade Sapienza, em Roma.

O tema do estudo surgiu com o incentivo do seu coorientador, Eduardo Magalhães, e do orientador Gilberto Bernardes, que viram no percurso académico de Raquel o ponto de partida ideal para um projeto interdisciplinar com impacto real na mobilidade do futuro.

Enquanto bolseira de investigação no DIGI2, Raquel Esteves pretende continuar a explorar o design sonoro aplicado à indústria automóvel, uma área em expansão com forte potencial de impacto no quotidiano urbano.

O interesse pela acústica e vibração, reforçado pela participação nesta conferência internacional, abre-lhe agora novas perspetivas de investigação, num percurso que continua atento a novas sinergias com parceiros da indústria e da academia – sempre com os ouvidos bem atentos aos desafios do futuro.

Foto: DR. 

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