Projeto SHARE Estuda o Envelhecimento em Portugal e Mais 27 Países

Press Release: Como é que os europeus envelhecem? Que impacto têm as reformas, a saúde ou as redes sociais no bem-estar depois dos 50? Estas são algumas das questões que o projeto SHARE — Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe — procura responder. A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) acolheu, no passado dia 18 de junho, uma sessão dedicada à apresentação da 10.ª vaga de recolha de dados desta iniciativa europeia, que decorre atualmente em Portugal.

Organizado pelo Centro de Psicologia da U.Porto (CPUP), o evento reuniu investigadores, estudantes e profissionais interessados no envelhecimento da população, destacando a importância dos dados recolhidos para a ciência e para a definição de políticas públicas.

Durante a sessão, foram apresentadas as principais dimensões do projeto, os métodos de recolha de dados e exemplos de estudos científicos que utilizam os dados SHARE. A equipa portuguesa responsável pelo projeto integra os professores Patrício Costa (FPCEUP) e Pedro Pita Barros (Nova SBE), como Country Team Leaders, Cláudia Cunha (FPCEUP) como Country Team Operator, e com a colaboração de Alice Delerue-Matos (Universidade do Minho), Raquel Barbosa (FPCEUP), Beatriz David (FPCEUP), e Gina Voss (FMUP).

Infraestrutura para melhor estudar o envelhecimento

O SHARE é uma infraestrutura científica europeia pioneira, multidisciplinar e longitudinal que, desde 2004, recolhe dados sobre a população com 50 ou mais anos em 28 países europeus e em Israel. O objetivo é estudar o envelhecimento nas suas múltiplas dimensões: saúde física e mental, situação socioeconómica, condições de trabalho, redes sociais, hábitos de vida e acesso a cuidados de saúde.

Com mais de 160.000 participantes e cerca de 600.000 entrevistas realizadas, os dados do SHARE são utilizados por mais de 18.000 investigadores em todo o mundo e sustentam mais de 3.000 publicações científicas. Criado em resposta a um apelo da Comissão Europeia, o projeto tornou-se um dos pilares da investigação social no espaço europeu. Desde 2011, integra o consórcio European Research Infrastructure Consortium (SHARE-ERIC), do qual Portugal é membro observador.

Em 2006, o projeto foi integrado na estratégia de investigação do European Strategy Forum on Research Areas (ERA), reforçando a sua legitimidade e alcance institucional. A nível internacional, está harmonizado com projetos de referência como o Health and Retirement Study (EUA) e o English Longitudinal Study of Ageing (Reino Unido).

Portugal integrou o SHARE pela primeira vez na 4.ª vaga (2010–2011), juntamente com países como Estónia, Hungria e Eslovénia. Desde então, participou nas vagas 6 (2015), 7 (2017) e 9 (2022), tendo também contribuído com duas vagas simplificadas durante a pandemia, centradas no impacto da Covid-19.

Atualmente, decorre a 10.ª vaga de recolha de dados, com entrevistas presenciais a mais de 2.000 participantes da geração 50+, conduzidas pelo instituto DOMP. As entrevistas são realizadas com recurso a tecnologias assistidas por computador (CAPI e CATI), garantindo o anonimato e a segurança dos dados.

Aplicações práticas com impacto social

O SHARE analisa um vasto conjunto de indicadores, desde a saúde física e mental até às relações familiares e condições de trabalho. A metodologia longitudinal permite observar mudanças ao longo do tempo, captando com maior rigor o processo de envelhecimento.

As suas aplicações práticas são amplas: estudos sobre preditores da depressão, isolamento social, envelhecimento ativo ou os impactos da reforma baseiam-se nos dados do SHARE. Estes resultados são usados por investigadores, decisores políticos e organizações da sociedade civil para melhorar as respostas sociais e promover o bem-estar da população sénior.

A apresentação do SHARE na FPCEUP reafirma o papel central da ciência na compreensão e apoio à população envelhecida. Ao conjugar rigor metodológico com abertura de dados, o projeto reforça-se como uma ferramenta essencial para pensar o envelhecimento de forma integrada, informada e com impacto social.

 

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