Desemprego Silencioso: A Exclusão Digital dos Trabalhadores Mais Velhos

Em Portugal, a adaptação às novas tecnologias tem sido um desafio crescente para a população mais velha, especialmente quando se trata de encontrar emprego. Com a crescente digitalização da economia, muitas empresas exigem competências tecnológicas que podem ser um obstáculo para aqueles que estão fora do mercado de trabalho há algum tempo ou que nunca tiveram a oportunidade de aprender estas habilidades.

De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), os trabalhadores mais velhos enfrentam um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e digitalizado. Embora a taxa de desemprego tenha diminuído nos últimos anos, os maiores de 50 anos continuam a enfrentar dificuldades. A razão? A falta de adaptação às novas tecnologias e à automação, que são cada vez mais exigidas nos postos de trabalho. Os empregos em setores tradicionais, como manufatura e serviços, estão a ser substituídos por funções mais qualificadas, muitas vezes centradas em ferramentas digitais, o que dificulta a entrada ou reentrada de muitos trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho.

A situação é ainda mais complicada quando se trata de qualificação. Para muitos, a aprendizagem de novas tecnologias não é apenas uma questão de acesso, mas também de motivação e confiança. O medo do fracasso ou a sensação de "estar a mais" em um mundo digital podem ser barreiras difíceis de superar. Além disso, muitas empresas não oferecem programas de formação ou apoio adequado para ajudar a integrar estes trabalhadores mais velhos.

As consequências desta lacuna são profundas: a exclusão de uma parte significativa da população ativa e a perda de valiosos conhecimentos e experiência que esses trabalhadores podem oferecer. A requalificação tornou-se uma das chaves para melhorar a empregabilidade da faixa etária mais velha, mas as políticas de formação nem sempre são acessíveis ou suficientemente eficazes.

Estudos indicam que mais de 60% dos trabalhadores com mais de 50 anos em Portugal têm dificuldades em encontrar novos postos de trabalho devido à falta de formação em competências digitais​.

A Associação de Profissionais Séniores aponta que as soluções de emprego sustentável para mais velhos devem incluir, além de oportunidades de formação, programas específicos de integração, que ajudem a superar essas barreiras digitais.

Embora o governo tenha lançado iniciativas como o Plano Nacional de Competências, focado na melhoria das aptidões digitais da população, ainda há um longo caminho a percorrer. Especialistas recomendam mais incentivos para as empresas que contratem trabalhadores mais velhos e mais investimentos em programas de formação adaptada às necessidades dessa faixa etária.

Em suma, o desemprego entre os mais velhos não se deve apenas à falta de postos de trabalho, mas também à dificuldade em se adaptar à digitalização do mercado laboral. A solução para esse problema envolve, fundamentalmente, a criação de um ambiente de inclusão digital e políticas públicas que incentivem a requalificação contínua.

Se queres saber mais acerca das medidas do governo em Portugal, clica aqui.