Press Release: Diana Sousa Guedes (CICGE/FCUP) é uma das vencedoras da edição 2025 do Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias.
A investigadora Diana Sousa Guedes, doutorada em Biologia pela FCUP e investigadora do Centro de Investigação em Ciências Geo-Espaciais (CICGE), conquistou o 3º lugar do Prémio de Doutoramento em Ecologia – Fundação Amadeu Dias, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO).
A investigadora quis saber como a poluição por plástico e as alterações climáticas afetam os habitats de nidificação de tartarugas marinhas em Cabo Verde, um dos maiores hotspots de nidificação da espécie a nível mundial.
Para este trabalho, Diana Sousa Guedes “usou uma abordagem multi-escala ecológica, onde cruzou dados de campo, deteção remota e modelação ecológica”, destacou em comunicado a SPECO. O estudo demonstrou que, “à escala do ninho a presença de fragmentos de plástico reduz significativamente o sucesso de eclosão e interfere na sincronização da emergência dos neonatos, aumentando a vulnerabilidade à predação”.
A investigadora mapeou ainda os padrões espaciais de acumulação de lixo marinho em praias remotas e turísticas, tendo constatado que a sua dispersão está ligada à atividade pesqueira e às correntes oceânicas.
Diana encontrou também um verdadeiro “paradoxo de conservação”: as áreas com mais ninhos coincidem com zonas críticas de acumulação de lixo. Para chegar a esta conclusão, analisou variáveis ambientais e antropogénicas (como lixo marinho, temperatura, inundação, luz artificial e turismo) para avaliar a vulnerabilidade de mais de 300 praias de nidificação.
De uma forma global, o estudo desenvolvido por Diana Sousa Guedes ao longo de quatro anos “revelou tendências preocupantes associadas ao aquecimento das praias“. Os dados que apresenta alertam para um futuro declínio, à medida que se ultrapassam limites térmicos críticos para o desenvolvimento embrionário.
A tese “Plastic pollution and climate change effects on nesting beaches of loggerhead turtle Caretta caretta” teve orientação de Neftalí Sillero, do CICGE, Filipa Bessa, da Universidade de Coimbra e Adolfo Marco, investigador da Estação Biológica de Doñana, em Espanha.
Agora que terminou a sua tese, Diana Sousa Guedes quer continuar a trabalhar com as tartarugas, estendendo o estudo às ilhas da Macaronésia e costa oeste de África, em zonas de nidificação e também em zonas de alimentação e rotas migratórias.
Pódio do Prémio Doutoramento em Ecologia
O 1º lugar do prémio foi entregue ao investigador Afonso Ferreira, investigador no MARE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o 2º a Sara Mendes, investigadora no Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), Espanha, mas antes doutoranda no CFE (Centro de Ecologia Funcional) da Universidade de Coimbra.
Os três primeiros classificados irão apresentar o seu trabalho e receber o prémio no 24º Encontro Nacional de Ecologia que, este ano, irá decorrer de 20 a 22 de novembro na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Os prémios, no valor de 3000, 2000 e 1000 euros, são atribuídos, respectivamente, ao primeiro, segundo e terceiro classificados. Os três candidatos terão ainda um bónus de 1 ano com quotas pagas.
O prémio recebeu 14 candidaturas elegíveis, de doutorados com teses defendidas nas Universidades de Aveiro, Algarve, Coimbra, Lisboa, e Porto. No ano passado tinha recebido 6.
No seu nono ano, estes prémios pretendem “valorizar o trabalho desenvolvido por recém doutorados ao longo do seu programa doutoral” na área da Ecologia, explicam os organizadores.
O júri foi constituído por Maria Amélia Martins-Loução, presidente da SPECO (Sociedade Portuguesa de Ecologia), João Gonçalves, administrador da Fundação Amadeu Dias, Joaquin Hortal, investigador colaborador do cE3c, do Museu Nacional de Ciencias Naturales (CSIC) Madrid, Jorge Gonçalves, professor convidado da Universidade do Algarve, Investigador Senior e Membro da Direção do CCMAR (Centro de Ciências do Mar), Helena Freitas, professora catedrática da Universidade de Coimbra e coordenadora do CFE (Centro de Ecologia Funcional), Myriam Lopes, professora associada da Universidade de Aveiro e vice-coordenadora do CESAM (Centro de Estudos Ambientais e Marinhos) e por Ricardo Melo, professor auxiliar da Universidade de Lisboa e coordenador do polo de Lisboa do MARE (Centro de Ciências Marinhas e Ambientais).
Foto: DR.
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