FCUP Coordena Projeto Europeu Para Controlar a Proliferação de Cianobactérias

Press Release: O “Cyan'EAU”, projeto Interreg Sudoe, aposta no desenvolvimento de ferramentas de baixo custo para controlar explosões populacionais de cianobactérias. 

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) lidera um projeto internacional, financiado ao abrigo do programa Interreg Sudoe, para desenvolver soluções inovadoras de prevenção, deteção precoce e remediação da presença de cianobactérias nas águas interiores de Portugal, França e Espanha.

“É necessário controlar estas explosões populacionais de cianobactérias que podem provocar graves problemas económicos, sanitários e de segurança”, justifica Olga Maria Lage, docente do Departamento de Biologia da FCUP e coordenadora do consórcio. Estes organismos que fazem parte do fitoplâncton são muito frequentes em albufeiras, rios e também em ambientes marinhos.

Quando as condições ambientais luz, temperatura da água, água estagnada e um elevado aporte de nutrientes são favoráveis, estes organismos podem proliferar massivamente em poucos dias. Ao formarem uma camada verde espessa na superfície da água, impedem a passagem da luz, levam a uma diminuição de oxigénio e aumento de dióxido de carbono, promovendo condições que afetam os organismos aquáticos. As cianobactérias podem ainda ser nefastas por produzirem toxinas nocivas.

Com as alterações climáticas a acelerar este processo, a aposta desta equipa de cientistas está na prevenção e controlo. “O nosso objetivo é criar ferramentas para fazer a identificação rápida de alguns sinais indicativos da proliferação de cianobactérias, atuar através da deteção precoce e, caso não seja possível, fazer a remediação sustentável destas bactérias, anulando os seus efeitos nocivos no meio ambiente”, concretiza a investigadora.

Com esse propósito, o consórcio vai estudar e analisar zonas piloto afetadas pelas cianobactérias nos três países. Em Portugal, as atenções estão voltadas para as albufeiras da Aguieira, no distrito de Viseu que em 2024 esteve interdita a banhos devido à presença de cianobactérias e de Ribeiradio, perto de Sever do Vouga e ainda outros locais nos rios Dão e Mondego.

Ao nível da prevenção, os investigadores vão fazer colheitas sedimentares para analisar a dinâmica da ocorrência das explosões de cianobactérias e relacioná-las com os parâmetros desencadeadores. “Queremos também perceber quais foram os fatores físicos e químicos no ambiente que levaram ao aparecimento destas explosões”, detalha Olga Maria Lage. Desta forma, conseguirão identificar os locais onde será necessária intervenção prioritária.

Remediação mais dispendiosa e menos eficaz

Segundo os investigadores, as estratégias atuais de gestão destes organismos tóxicos, muitas vezes baseadas apenas na remediação após o desencadeamento do episódio de poluição, estão a tornar-se progressivamente mais dispendiosas e menos eficazes devido às alterações climáticas e atividades antropogénicas.

O “Cyan’EAU” aposta no desenvolvimento de ferramentas de baixo custo, que atuem nas diferentes fases de aparecimento de cianobactérias, para efetuar o seu controlo. A equipa do projeto vai também realizar workshops e sessões específicas com instituições gestoras de água e outras entidades interessadas e que possam vir a aplicar na prática as soluções desenvolvidas.

Com um financiamento de mais de 1 milhão e 600 mil euros, o projeto “Cyan’EAU – Sistemas inovadores para o controlo da proliferação de cianobactérias nas águas interiores do Sudoe” envolve um consórcio de instituições de França, Espanha e Portugal e decorre até 2028.

Integram a equipa FCUP e CIIMAR, os investigadores e docentes da FCUP, Olga Maria Lage, Sara Antunes e Vítor Vasconcelos. Em Portugal são ainda parceiros beneficiários do projeto a empresa Paralab – Soluções Tecnológicas, Industriais e Laboratoriais, a Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões – CIM VDL e a Agência Portuguesa do Ambiente – APA. O projeto tem também como parceiros associados o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR),  a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu – Instituto Politécnico de Viseu e a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, S.A.

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