Investigadoras do i3S Recebem Bolsas Para Apresentar Avanços em Hematologia

Press Release: Os trabalhos de Liliana Arede e Marta Lopes focam-se na Hemocromatose hereditária tipo HFE e na regeneração hematopoiética, respetivamente.

As investigadoras Liliana Arede e Marta Lopes, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), conquistaram recentemente bolsas da Associação Europeia de Hematologia (EHA) para apresentarem os seus trabalhos no congresso anual da EHA, que decorrerá em Milão, de 12 a 15 de junho.

Para Liliana Arede, investigadora júnior no grupo «Hematopoiesis and Microenvironments», liderado por Delfim Duarte, “voltar a participar no encontro anual da EHA é gratificante, não só pela oportunidade de discutir o nosso trabalho com especialistas de referência na área, como também de aprender sobre outras vertentes da Hematologia”.

Marta Lopes, estudante do programa doutoral em Ciências Biomédicas do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), a desenvolver investigação no i3S sob orientação do investigador Delfim Duarte e co-orientação da investigadora Carla Oliveira, corrobora esta ideia: “É sempre uma honra quando reconhecem a qualidade dos nossos trabalhos, principalmente a nível internacional”.

Ainda segundo a jovem investigadora, esta “é uma grande oportunidade para partilhar o nosso trabalho, tanto mais que a EHA é o palco da Hematologia a nível Europeu, onde mais de 15 mil investigadores da Europa e de todo o mundo se encontram e discutem os novos avanços e projetos das diferentes áreas da Hematologia”.

O papel do gene HFE no sistema hematopoiético

O trabalho que Liliana Arede vai apresentar no congresso anual da EHA foca-se na Hemocromatose hereditária tipo HFE (HFE-H), uma doença causada por mutações no gene HFE, levando à acumulação de ferro no organismo e danos em órgãos como o fígado, coração e pâncreas.

Tradicionalmente, o papel do HFE está associado à regulação hepática dos níveis de ferro no organismo, mas a investigadora está a explorar a “hipótese deste gene ter também uma função importante no sistema hematopoiético, responsável pela formação e renovação das células sanguíneas”.

Recorrendo a modelos de ratinho e amostras de sangue de pacientes, a investigadora verificou que a perda deste gene prejudica a função das células estaminais e progenitoras hematopoiéticas. Além disso, refere que “estes doentes apresentam maior risco de desenvolver Síndrome Mielodisplásica, caracterizada pela produção ineficaz das células sanguíneas na medula óssea”.

Liliana Arede explica que “o gene HFE desempenha um papel importante não apenas no metabolismo do ferro, mas também na manutenção da homeostase do sistema hematopoiético”.

Melhorar a resposta dos doentes que fazem transplante de células estaminais

Marta Lopes, por seu lado, vai centrar-se na regeneração hematopoiética, o processo responsável pela recuperação e reconstrução do sistema hematopoiético, onde as células do sangue são produzidas. Este processo, durante o qual se verifica um aumento de ferro no organismo, “ocorre após situações que afetam as células estaminais hematopoiéticas (CEH), nomeadamente transplantes de medula óssea, infeções ou tratamentos com quimioterapia”, explica a estudante.

“Sabemos também que pacientes que recebem transplantes de CEH e apresentam ferro em excesso, o que, por norma, já causa danos celulares, apresentam uma taxa de mortalidade aumentada. Para melhorar o prognóstico destes pacientes é necessário conhecer os mecanismos que influenciam esta regeneração”, acrescenta.

A investigadora avaliou o impacto da proteína que regula a entrada do ferro para a circulação sanguínea, a hepcidina, na regeneração das CEH e concluiu que a perda desta “proteína protetora” leva a uma diminuição das CEH e a uma disrupção do microambiente ósseo que suporta estas células.

Estes resultados, sublinha Marta Lopes, “demonstram a importância do papel do ferro na recuperação hematopoiética e abrem portas para estudos futuros que consigam melhorar a resposta dos doentes a situações de stress hematopoiético, como o transplante de CEH, que é ainda a única possibilidade de cura destes pacientes”.

Foto: DR.

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