Chegamos ao fim do ano e, para variar, os telejornais começam a sua maratona de notícias negativas: guerras, tsunamis, peidos das vacas cagonas que destroem o mundo, desastres naturais, acidentes, ataques alienígenas e até aumento dos preços de tudo. Mas, por incrível que pareça, depois de nos bombardearem com todo esse pesadelo durante o dia todo, 364 dias seguidos, o apresentador, com um sorriso super forçado, diz: "Boas festas e um ótimo Ano Novo!"
Depois de passarmos horas a ouvir sobre a tragédia do ano, lá vem a mensagem de esperança no final. Como se a dor da solidão global, o aumento da gasolina e as notícias de destruição pudessem desaparecer com uma simples frase: "Desejamos-lhe um 2025 cheio de alegria e paz!" Quem não ama essa dose de otimismo instantâneo?
Mas a pergunta que fica é: as desgraças que nos mostram nas notícias também são felizes? Só acontecem catástrofes no mundo? Será que estamos todos a viver num filme de terror e nem nos apercebemos? E a grande cereja no topo do bolo: o sorriso do apresentador no final, como se tudo estivesse bem no mundo.
Enfim, a solução parece ser simples: se o mundo estiver a acabar, pelo menos façamos a transição com um sorriso e o desejo de boas festas. Enfim, o jornalismo na sua grande maioria tornou-se um circo e em 50 notícias que nos mostram, 49 e meia são negativas e destrutivas mas no final desejam um bom ano e que sejamos muito felizes... Pode ser apenas uma impressão mas o jornalismo tornou-se apenas um circo de entretenimento... E um mau entretenimento. Fica o desabafo.